O incêndio por curto-circuito está entre as principais causas de acidentes industriais e domésticos no Brasil. O aumento do uso de dispositivos eletrônicos parece estar tornando esse problema ainda mais frequente.
O último Anuário Estatístico sobre Acidentes de Origem Elétrica, disponibilizado pela Abracopel, apontou a ocorrência de 1.424 acidentes de origem elétrica no país, em 2018. Desses, 537 estavam relacionados a sobrecarga ou curto-circuito.
As estatísticas seguem em crescimento desde 2013, o que preocupa especialistas, empresas e autoridades da Defesa Civil. Cidadãos e trabalhadores de grandes indústrias também estão em alerta.
Continue conosco para entender um pouco mais sobre esse fenômeno, suas causas e as formas de evitá-lo. Boa leitura!
O que é um curto-circuito e por que eles acontecem?
O curto-circuito é um fenômeno provocado pela passagem de corrente elétrica elevada em um circuito que não estava preparado para receber tal carga. Nesse cenário, a corrente que sai da fonte ou gerador percorre todo o circuito e retorna com alta intensidade, superaquecendo os condutores e produzindo reações violentas em decorrência da forte dissipação de energia.
Além do aquecimento, tal condição é capaz de gerar faíscas, explosões e até incêndios. Entretanto, na maioria das ocorrências, o que realmente acontece é um desgaste acentuado nos fios e circuitos, provocando danos — muitas vezes irreparáveis — que comprometem severamente o funcionamento dos dispositivos e de toda a rede local.
A condução eficiente da energia elétrica depende de uma série de fatores, desde a instalação, que precisa ser dimensionada de acordo com os dispositivos utilizados, à manutenção dos equipamentos acionados.
Qualquer falha ou comprometimento nos componentes desse sistema pode ocasionar mau funcionamento dos dispositivos, consumo elevado de energia e, inclusive, aumentar as chances de incêndio por curto-circuito.
Que condições favorecem esse tipo de evento?
Diversos fatores podem influenciar o funcionamento dos aparelhos elétricos e facilitar a ocorrência de curtos-circuitos. No entanto, os principais problemas constatados se devem a três elementos chave: rede elétrica, instalação local e características do dispositivo. Vamos analisar cada um deles, a seguir.
Variações na rede elétrica
O sistema de abastecimento de energia das cidades não é imune a falhas. Instalações irregulares, violações na rede, falta de manutenção e tempestades podem afetar diretamente a qualidade da distribuição em regiões específicas ou grandes áreas.
A legislação impõe às concessionárias a obrigação de manter os níveis de tensão dentro de um intervalo bastante restrito. Isso garante a segurança da quase a totalidade dos equipamentos elétricos.
Entretanto, diante de eventuais falhas e intempéries, não há como garantir que um sistema de distribuição seja totalmente imune a surtos. Além disso, manobras de rede costumam ser frequentes em alguns municípios.
Instalações problemáticas
Na maioria das vezes, entretanto, o que realmente compromete a qualidade e a segurança de um sistema elétrico é a instalação local. O projeto eletrotécnico de um estabelecimento ou residência precisa levar em consideração a demanda de energia e potência dos equipamentos utilizados.
Basta que um único produto seja adicionado para que surja a necessidade de reparar toda a instalação. Além do dimensionamento incorreto dos cabos, outros problemas podem comprometer a qualidade do sistema.
Podemos citar, entre eles, umidade elevada, isolamento precário de conectores, fios desencapados, ferrugem e pressões mecânicas sobre os fios e dispositivos conectados, assim como a ausência de mecanismos de proteção.
Equipamentos defeituosos
Geralmente, não é o equipamento em si que desencadeia o problema elétrico, mas o seu acionamento em condições inapropriadas ou em redes locais incompatíveis com sua potência e tensão.
Entretanto, diante de um evento crítico, o superaquecimento de fios e circuitos pode ser agravado quando o dispositivo é posicionado em um local inadequado ou quando componentes importantes do seu sistema não recebem manutenção adequada. Isso significa que, ainda que o curto-circuito não provoque o incêndio, as más condições de um equipamento podem provocá-lo.
Que sinais indicam a necessidade de providenciar uma reforma elétrica?
Os principais sinais de um curto-circuito são o aquecimento elevado dos fios, fumaça nos equipamentos e o temido cheiro de queimado. Esses fatores indicam que os condutores já foram comprometidos e o risco de explosões e incêndios é alto.
Em uma situação como essa, caso a rede não seja desarmada automaticamente por um dispositivo protetor, recomenda-se desligá-la imediatamente. Você só deve acioná-la novamente após a conferência de um profissional especializado.
Felizmente, existem sinais que nos ajudam a identificar fatores de risco, muito antes dos problemas elétricos surgirem. São eles:
fios antigos, ressecados, descascados ou expostos;
temperatura elevada nas tomadas, interruptores e aparelhos conectados;
desarme frequente dos disjuntores;
excesso de ligações em tomadas (réguas, benjamins e outros);
oscilações na potência dos aparelhos quando acionados simultaneamente;
choques ao tocar em registros de chuveiro, portas de refrigeradores e outros produtos;
tomadas e disjuntores instalados próximos a canos, pias e torneiras.
Como evitar incêndios por curto-circuitos?
Antes de tudo, é importante ressaltar que a orientação e a contratação de um profissional capacitado é fundamental para garantir a segurança da sua instalação e dos seus equipamentos.
Com a ajuda técnica, as seguintes medidas de proteção poderão ser providenciadas, e sua a casa ou empresa estará mais protegida contra essas ameaças de incêndio. Confira!
Providencie uma instalação elétrica adequada
As instalações elétricas, sejam comerciais, sejam residenciais, devem ser feitas levando-se em conta as condições internas e externas do local. Isso significa que o eletricista ou engenheiro responsável precisa verificar quais e quantos dispositivos serão utilizados.
Também devem ser observadas suas respectivas necessidades de alimentação. A partir daí, definir os níveis de tensão e dimensionamento ideais.
Utilize dispositivos de proteção
É na instalação local que muitos problemas elétricos e acidentes são evitados. Sobrecargas, choques e possíveis surtos e oscilações críticas de tensão provocados por fenômenos climáticos e falhas na rede de distribuição podem ser contornados.
Para isso, é recomendável o uso de dispositivos de proteção, como disjuntores, DRs (Interruptor Diferencial Residual) e DPSs (Dispositivo de Proteção Contra Surtos).
Deixe a manutenção dos equipamentos em dia
É essencial realizar manutenções periódicas nos equipamentos utilizados na sua empresa para evitar falhas e acidentes. Quanto aos produtos de uso doméstico, providencie reparos assim que constatado o mau funcionamento, e sempre adquira peças com fornecedores confiáveis e com experiência no mercado.
Evite conexões irregulares e “gambiarras”
Muitos aparelhos ligados em uma só tomada, emendas improvisadas e demais “gambiarras” elétricas também aumentam os riscos de acidentes. Uma vez atestada a maior demanda por conexões ou potência, a reforma precisa ser providenciada.
Todos esses cuidados são indispensáveis para reduzir as chances de incêndio por curto-circuito. Embora a sobrecarga em sistemas elétricos seja muito comum e, na maior parte das vezes, o problema não evolua, esses fenômenos são responsáveis por acidentes graves. Por isso, não podem ser negligenciados.
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